pelos trilhos
montejunto (1)
Segundo a minha mãe, fui à Serra de Montejunto com ela e com o meu pai nos meus primeiros anos de vida. Não tenho qualquer memória desse passeio. Foi, por isso, como uma primeira vez.
Mal cheguei, e como fui sozinho, segui um trilho identificado. Gosto de sair dos percursos habituais e de ir atrás de alguma planta que me chame a atenção. Mas não quis arriscar numa primeira visita, num espaço que me pareceu grande e que desconheço completamente.
Vi logo várias 'orquídeas gigantes' ainda em floração (perfeita). A certa altura, saí desse trilho e comecei a descer um outro, muito mais inclinado, mais 'hard', como diziam algumas placas de madeira. Só quando cheguei lá a baixo percebi que teria de subir tudo outra vez, e que o sentido da palavra 'hard' seria experienciado na subida e não tanto na descida.
Gostei bastante.
Nessa descida fui identificando uma série de plantas, várias que não tenho aqui por perto. E faz sentido, num local com uma altitude superior a 500 m e geologicamente rico em rocha calcária tem uma vegetação particular.
Sentir os aromas das diversas florações, algumas abundantes. Foi uma experiência incrível que recomendo, principalmente neste período primaveril. Vou repetir nos próximos meses, estou certo. Até porque a vegetação e as flores vão mudando ao longo do tempo. Portanto, será sempre uma experiência diferente. Ao descer o trilho 'hard' (desculpem-me mas não registei o nome oficial do trilho) atravessar a zona dos alecrins (Rosmarinus officinalis) e das pascoinhas (Coronilla valentina,) foi uma experiência riquíssima do ponto de vista sensorial. Os azuis e os amarelos das flores, os aromas, ... com uma vista deslumbrante a acompanhar. Maravilhoso!
1.Himantoglossum robertianum
2. Anemone palmata (brancas e amarelas, por aqui só têm crescido amarelas)
3. Raphanus raphanistrum
4. As campainhas ibéricas, Hyacinthoides hispanica
5. Euphorbia
6. Pulicaria
7. Bellis perennis
8. Cytisus striatus ( a giesteira das serras)
9. Narcissus bulbocodium
10. Romulea bulbocodium
11. Peucedanum oreoselinum
12. Fritillaria lusitanica
Bocas de lobo, alecrins, anémonas, os pequenos mas brilhantes botões d' ouro, as pascoinhas e margaridas.
Quando cheguei lá abaixo, ao final deste trilho, andei alguns metros até encontrar o trilho que seguiria para voltar para cima. Muito íngreme. É importante levar calçado apropriado. Facilita bastante a vida. Cheguei a meio do percurso bastante ofegante. Decidi sentar-me numa pedra, beber água e contemplar a paisagem. Quando olho para os lados (esquerdo primeiro e direito depois ) vejo uma Ophrys fusca (já a secar) e um sedum . Sorri e decidi continuar. Encontro então imensas orquídeas silvestres.
13.Orchis mascula (primeira vez que as vi)
14. Orchis anthropophora
15. Orchis italica
16. Cephalanthera longifolia
(continua)