ontem
apesar do céu nublado e escuro, ontem, decidi dar um passeio pela vegetação ao fim da tarde. percebi que a luminosidade não era apropriada para fotografar em filme, mas avancei de qualquer modo num passeio.
e que bom ter assim decidido.
vegetação verde intenso, com imensas flores a despertar.
deitei-me num tronco - praticamente na horizontal- de um zambujeiro e deixei-me ficar durante uns largos minutos. um hábito que adquiri neste último ano. eu que dizia não sentir necessidade de abraçar as árvores para ter consciência delas - e saber da consciência delas de mim/nós.
mas a vida é sempre um movimento.
com as imagens de ontem deixo aqui no post 3 tópicos - e um aparte sobre a minha horta de 2023:
• as ervilhacas começam a crescer e abraçam/tocam as vizinhas com as suas gavinhas. até ao final da primavera formam um manto coeso com todas as outras plantas que já começaram a rebentar ou o farão em breve. como se fossem uma só.
o tacto das plantas:
no livro verde brilhante, mancuso compara os cinco sentidos humanos à (s) sensibilidade (s) das plantas. quanto ao tacto ele descreve-o em diversas plantas e, também, na utilização das gavinhas:
' tomemos por exemplo a ervilha de cheiro. esta delicada planta produz gavinhas muito sensíveis que, quando tocam em qualquer coisa, se encaracolam em poucos segundos.'
os estudos têm demonstrado que as plantas quando decidem onde se apoiar escolhem o local que lhes oferece mais segurança, para assim continuarem o seu crescimento. essa decisão parece só ser possível com a ajuda de um outro sentido: a visão.
• que bom ter encontrado as 3 Ophrys fusca especiais, 2 delas com botões florais já formados , embora numa fase muito inicial. o original que deu origem à cópia que está no meu braço. :)
vi-as no ano passado. mas tinha perdido a podenga há tão pouco tempo ... tornando-se assim muito difícil saborear estas florações. este ano será diferente ... e dentro de algumas semanas as primeiras flores - veludo/prata - estarão por aí!
• no final deixo 2 imagens de plantas que me fazem recordar que - nós e elas - somos seres celestes.
na primeira uma Centranthus calcitrapae que logo após esta fase da floração ganha formas que me transportam para esses outros seres/objetos que circulam neste imenso espaço 'celestial' - onde nós também nos encontramos.
na segunda imagem vincas em floração. o movimento - hélice- das pétalas é exatamente o mesmo que identifico nas folhas da plantapata de elefante que referi há meses, assim como o movimento -espiralado- registado de algumas galáxias.
boa semana!
[ encontrei, por acaso, um perfume que usei há muitos anos e que adoro. chama-se wonderwood. está tudo alinhado. parece. :) ]
a horta - jardim- deste ano ganhou alguns metros - e esta vista. por isso merece/mereço ferramentas novas! :)