da mistura
ou da vida
“Estamos acostumados a entender a sexualidade como um acto puramente orgânico ou uma dimensão exclusivamente biológica. Deveríamos, ao contrário, aprender a considerar a sexualidade biológica como um dos múltiplos reflexos de um fenómeno de dimensão cósmica, na qual o mundo se renova e modifica a sua consistência. O mundo é constantemente rearmado de modo diferente, e é isso que reproduzimos sexualmente. A vida é o sexo do mundo: não alguma coisa que tenha acontecido acidentalmente e a posteriori em algum movimento da sua história, mas a sua estrutura originária, o seu dinamismo mais profundo.
Neste sentido, a sexualidade não é o modo de vida que nos é garantido pelos órgãos sexuais, mas é, pelo contrário, a relação que, por nosso intermédio, o mundo mantém consigo mesmo.”
in A vida das plantas, E. Coccia
[Quando vi estas sementes - anemone palmata - a libertarem-se, acompanhando a direção do vento - algumas presas, momentaneamente, nos escapes florais da salvia, antes de concluírem o seu caminho, até ao solo - lembrei-me do conceito 'da mistura' - e da 'sexualidade cósmica' - defendida por Coccia. Calhou postar sobre isto, que me diz tanto, no dia em que faz três meses da germinação deste sítio. É uma data curta, bem sei, mas é uma data. :)]