a ribeira
por saramago
a propósito do aniversário - 16. nov. 1922 - de saramago:
jáaqui tinha mencionado esta passagem do livro memorial do convento, em que blimunda e baltazar vivem o seu amor junto à ribeira de pedrulhos. li este livro nos anos 90, mas noto que voltar a este excerto emociona-me cada vez mais. como se estas palavras fizessem cada vez mais sentido - aprofundassem o sentido - à medida que o tempo passa.
" desceram a serra , tomaram por prudência outros caminhos (...) ladearam por torres vedras, depois para sul, ribeira de pedrulhos, se não houvesse tristeza nem miséria, se em todo o lugar corressem águas sobre as pedras, se cantassem aves, a vida podia ser apenas estar sentado na erva, segurar um malmequer e não lhe arrancar as pétalas, por serem já sabidas as respostas, ou por serem estas de tão pouca importância, que descobri-las não valeria a vida duma flor. (...)
o mundo de cada um é os olhos que tem."