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limbos verdes

limbos verdes

querida

deixar aqui umas palavras para homenagear a minha querida Rachel. não quero falar da doença que a levou nem destes  2 últimos meses em que a senti a fugir desta forma física... 

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não sei bem quanto assumimos o compromisso que nos uniu para sempre. não foram necessárias palavras nem papéis assinados.

 fiquei preso ao olhar dela quando a vi pela pela primeira vez. os restantes irmãos já tinham sido adoptados. a ideia de dormir sozinha naquela box naquela instituição pareceu-me insuportável.
peguei-a ao colo e acho que foi ali que começou.

nesse ano foram muitas as vezes em que andou nos meus braços. da praça das flores até à estação de comboio, de são joao d estoril até ao livramento - cercica.

a vida que ganhei sempre que a vi correr - felicidade- nos jardins interiores da cercica- onde trabalhava . como o meu coração ficava quente, tranquilo, sempre que a deixava com a minha colega patrícia  e com a cuca - uma labradora já adulta que se tornou a sua primeira amiga canina- cujas patas lhe serviram de almofada tantas vezes, depois de corridas infinitas. perguntava-me: como é possível uma cadela com estes anos todos ter esta paciência toda para uma cachorra com este nível de energia? mas a Rachel não era só energia. desde pequena que se notava a doçura, o mimo, o amor, ... 

mal dava por mim, à hora de almoço, avisava ruidosamente que éramos um do outro, como se fosse possível eu esquecer-me. ou mais tarde, quando a meio percurso na A8 saltava para o meu colo enquanto eu conduzia - e como adorei todos esses momentos em que ela se afirmava. até quando ficou zangada por a deixarmos num hotel canino xpto, numas férias, e fez questão de o demonstrar quando a fomos buscar, ignorando os donos... 

a forma como comunicávamos, como nos percebíamos, contaminávamos um ao outro. o nível de entrega, de disponibilidade.
foi tão bom, tão tão bom, princesa.

e passaram tão depressa estes 12 anos. 

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ouvi alguém dizer que a dor do luto é muito a dor de deixar de representar um papel para quem partiu. e fez-me sentido. 

custa muito deixar de ser teu dono - com o joão. e como eu adorei se-lo... 


obrigado minha querida, pela energia que tão generosamente trouxeste à minha vida. (bem, em troca também de umas bolachas, para ser honesto...)

acrescentaste-me tanto tanto tanto.
para sempre. ❤️

Rachel: outubro 2009/23 fevereiro 2022

 

 

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