a propósito do aniversário - 16. nov. 1922 - de saramago:
jáaqui tinha mencionado esta passagem do livro memorial do convento, em que blimunda e baltazar vivem o seu amor junto à ribeira de pedrulhos. li este livro nos anos 90, mas noto que voltar a este excerto emociona-me cada vez mais. como se estas palavras fizessem cada vez mais sentido - aprofundassem o sentido - à medida que o tempo passa.
" desceram a serra , tomaram por prudência outros caminhos (...) ladearam por torres vedras, depois para sul, ribeira de pedrulhos, se não houvesse tristeza nem miséria, se em todo o lugar corressem águas sobre as pedras, se cantassem aves, a vida podia ser apenas estar sentado na erva, segurar um malmequer e não lhe arrancar as pétalas, por serem já sabidas as respostas, ou por serem estas de tão pouca importância, que descobri-las não valeria a vida duma flor. (...)
quando não consigo fazer a minha corrida - 5kms - de manhã tento fazê-la noutro horário. ontem foi concretizada ao fim da tarde. como havia mais luz, comparado com o horário em que habitualmente corro, aproveitei para fotografar alguma coisa.
os musgos estão finalmente de cor verde vivo e já se libertaram do tom seco.
cogumelos - fungos - a crescer por todo o lado.
' é necessário entender os Direitos da Natureza como 'uma reação ao choque de visões, não [com objetivo de provocar uma] fratura, mas de costura de estéticas, emoções, desejos, conhecimentos e saberes', que são elementos consubstanciais do Bem Viver.
precisamos de um mundo reencantado com a vida, abrindo caminhos de diálogo e reencontro entre os seres humanos, enquanto indivíduos e comunidades, e de todos com a Natureza, entendendo que todos os seres humanos formamos parte da Natureza e que, no final das contas,somos Natureza.'
in o bem viver, uma oportunidade para imaginar outros mundos - alberto acosta
[ há vários meses referi por aqui que algumas das fotografias que fiz em filme iriam entrar num projeto artístico de outra pessoa. pois o projeto é um filme - uma curta -, e soube ontem que aconteceu uma sessão para quem nele participou, onde as árvores - e outras plantas - que fotografei entram a certa altura. quero muito partilhar aqui convosco de quem é este filme e como o poderão ver. encontrámo -nos aqui na aldeia, por acaso, conhecíamo-nos de vista há vários anos. conversamos um pouco e a pessoa viu nas minhas imagens 'uma poesia qualquer'. semanas depois pediu-me se podia utilizar algumas dessas fotografias.
fico mesmo contente por ver que estas imagens que significam para mim uma pulsão de vida - e do coração- , dizendo-o de forma breve, que sejam agora vistas por outras pessoas. não sei que percurso fará o filme, mas eventualmente numa sala/sessão por aí e/ou pela net.