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limbos verdes

limbos verdes

18 Mar, 2022

da vida

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[ desde que tomei consciência da doença e inevitável partida da podenga senti que as palavras perderam o sentido, significado, utilidade. para quem, como eu, que tem passado grande parte da vida a interagir com plantas e animais as palavras não serão o fundamental. mas terei de me socorrer delas para fazer este post - apesar de todas as limitações: alguém comunica com as palavras/conceitos interiorizados e alguém escuta a partir de outra experiência de vida, de outra percepção. neste processo de comunicação, por essa e outras variáveis, pode não se concretizar um real entendimento da mensagem que se pretendeu passar. 

que mundo maravilhoso este o nosso, esta nossa casa - apesar do sofrimento inerente, a guerra tão presente atualmente por exemplo, é certo. quando observamos os vários planetas conhecidos e quando colocamos a seguir o olhar nesta nossa terra, alcançamos um pouco mais de como especial é este ponto no universo.
 quando fazia arranjos de suculentas uma das coisas que tentava concretizar na combinação das plantas, muitas vezes, era a repetição de padrões numa mesma peça -a forma das plantas mas também a repetição das cores. agora percebo que estava a reproduzir características deste nosso mundo, de alguma maneira, naquele novo objeto. este 'organismo vivo' com formas - vivas - tão diversas que se vão repetindo nos mais variados  seres. uma que tenho pensado especialmente nos últimos dias é na estrutura da árvore repetida nos nossos pulmões. há uma poesia - magia - tão bela nestas repetições. mas por vezes é-nos difícil ve-las/vivê-las  completamente.  
outro tema que pensava continuar a explorar , e quem acompanhou  os posts destes últimos meses saberá, é a da urgência- quanto a mim - de nos relacionarmos com as plantas também numa dimensão emocional- estar mais consciente do seu papel na -origem da -vida e sentir gratidão por elas. grande parte dos humanos nunca o fará, mas é muito importante que alguns  o façam. é através das emoções que nos vinculamos ao outro  e as plantas merecem que as tratemos com mais  dignidade. por elas e por nós. 

queria muito explorar estes temas fotograficamente mas não me será possível- parece-me. de qualquer forma, sinto uma enorme gratidão por ter tido o impulso e a capacidade de concretizar uma série de fotografias neste último ano. trouxeram-me paz, como referi no post anterior.


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descobri uma fotografia minha antiga  - tenho cerca de 16anos. pensei: o que tenho dele? o que tem ele de mim? não vou responder aqui às minhas interrogações. sei que ele não sabia que poderia ter uma bonita barba com tons ruivos, por exemplo... :) mas torna-se tão claro agora que 'as janelas' várias que vamos abrindo para o mundo exterior abrem/ampliam mundos internos. descobrimo-nos no exterior, no outro, no reflexo que vemos no outro. experimentar coisas várias faz tão bem. vivemos tempos da super especialização, estamos todos tão compartimentados nas nossas áreas, e o cérebro humano é muito eficiente neste tipo de desempenho. mas somos sempre mais alguma coisa. há sempre outras cores, outras nuances interiores que só através de experiências diversas podemos descobrir/aceder/viver. 

saborear o mundo, a sua repetição de padrões, tratá-lo bem - ao mundo/ao outro/a nós mesmos.  apreciá-lo, amá-lo. contribuir para uma qualquer criação/expansão. ser um, ser unidade - e incomodar-nos menos com o contraste que ele possa ter, que nós humanos possamos ter. saber aceitar a diferença. torna-nos tão mais ricos.  
é basicamente isto que queria dizer. nada de brilhante, nem de extraordinário  ou novo. pelo contrário: bem mais próximo de vários povos que por cá viveram há muito. sinto-me verdadeiramente grato a quem esteve desse lado. obrigado. 💚

agora vou enfrentar um grande desafio. seja qual for o meu desempenho, será o certo. ]

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17 Mar, 2022

5

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[as plantas foram/são  - também- uma forma de me relacionar com os outros. não fazem ideia,  depois destas décadas de vida, a paz que me dá partilhar/comunicar estas imagens. ultrapassa muito todo o gozo dos muitos e diversos arranjos de plantas que fiz durante anos.]

11 Mar, 2022

2 + 2

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[ depois destes 2 meses tão exigentes física e emocionalmente está difícil encontrar energia vital para avançar. tenho um conceito  pronto a ganhar forma - construí estrutura para andar comigo pelo campo que irá participar nas múltiplas exposições- mas estes 'corpos' têm de se equilibrar, conectar. entretanto, aqui ficam  4 imagens deste ano e de câmeras diferentes. as primeiras são uma experiência com rolo lomochrome purple ]

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06 Mar, 2022

corações

para ti

 

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nestes últimos 2meses, desde que soubemos o que se passava contigo, não voltaste a torres. a tua fragilidade era tal que não tinha sentido andares de um lado para o outro. passei a visitar-te de 2 em 2 dias, em lisboa. nessas visitas a consciência que nos estávamos a despedir, deste encontro tão feliz que foi o nosso. tentei - mas nem sempre consegui - evitar que notasses o meu sofrimento. foram meses de sofrimento sim, mas também de paz e de amor. aliás, a tua médica disse-me isso no dia em que partiste, que viveste esta última fase da tua vida devido ao amor. foi ele que te segurou e manteve entre nós durante este período.
mas o que quero aqui deixar são alguns dos muitos corações que fui encontrando, também nas ruas do príncipe real que tão bem conhecias, neste período em que comecei este processo de 'aceitar' a tua partida. o primeiro é de uma pétala de papoula, na ribeira, onde vou procurando 'conforto' no mundo vegetal -e nalguns sons
mais do que palavras quero deixá-los aqui. interessa-me cada vez menos usá-las. sinto cada vez mais que elas nos limitam, que são redutoras, que não cabe tudo nelas. mantenho em mim alguma vontade de comunicar. continuarei a fotografar sem pressa. quando juntar uma série de rolos logo verei o que ficou registado e o que partilharei. sabes bem que o mundo das pessoas  não é o que mais me interessa, mas mantenho uma qualquer ligação. 
obrigado. 

são teus, Rachel. ❤️

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