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limbos verdes

limbos verdes

à janela - actualizado

 

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intro
para concluir esta série de posts, neste inverno quente - ou pouco frio, vá - em que há papoulas e alcachofras em flor, falar um pouco da minha experiência com a meditação e como ela apurou o meu sentido para o mundo vegetal, mas também foi influenciada por esse mesmo mundo.  percebi ao longo do ano que passou que me distrai várias vezes pelo caminho  mas que quero, finalmente, viver inteiro  no meu sistema de crenças. o que vou a seguir descrever, não será sobre a meditação em si, mas sublinhar a ideia de que estamos todos conectados, todas as formas de vida - das 'janelas' que podemos ou não abrir - e , descrever o meu caso concreto, em que o desenvolvimento da meditação  ficou intimamente ligada a uma planta silvestre. falei pouquíssimas vezes e com pouquíssimas pessoas sobre isto, por saber que no fundo a grande maioria das pessoas dificilmente entenderá o que está em causa. mas, cheguei a um sítio onde percebi que não interessa mesmo o que outros pensam. se não entendem não é, efetivamente, um problema meu. não tenho de esconder como perceciono uma serie de coisas. estou consciente que a maioria das pessoas que possam ler este post  poderão pensar que sou apenas mais um apanhado da cabeça. mas sabem que mais? não quero saber. eventualmente poderá haver algures alguém que o entenda e que esta informação possa ser importante ou simplesmente útil...  mas se isso também não ocorrer, está tudo bem também. 

 
 

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antes da meditação, o coração 

a apresentação à meditação surgiu nas aulas de yoga - 1998 - com o meu querido professor/ amigo Pedro Lima Martins. as aulas de yoga sofreram alterações ao longo do tempo. numa fase inicial eram de 40m, depois quase 2h. primeiro no centro de torres, depois ericeira,... no início de cada aula, antes das torções, alongamentos, invertidas, exercícios respiratórios vários, relaxamento, fazíamos sempre o exercício de concentração/introspeção. 5m aproximadamente, focados no ar que entra e que sai das narinas. lembro-me que algumas vezes gostei e senti conforto naquele exercício, na aproximação ao vazio - há uma paz no vazio - mas outras vezes ansiava que aqueles poucos minutos passassem rapidamente. . por vezes, quando éramos poucos alunos -ou apenas eu- o Pedro explicava o mundo, de forma muito simples, as suas polaridades - apesar de ele as descrever como algo inerente à vida - humana -sempre o percebi como se ele as transcendesse. entendi  depois a razão: ele estava na frequência do coração, onde não há dualidade. ouvi-o durante anos falar desta forma de agir/estar/ser quando os vários nossos corpos  - físico, mente, emoções- estão unidos no mesmo propósito/entendimento - é no fundo o objetivo do yoga.  finalmente, neste ano que passou, percecionei o verdadeiro alcance do que isso significa, do poder criador que está subjacente nesta frequência.  e quando aí se chega a conexão com formas de energia/informação é imediata. e dessa - e doutras - perspetivas, este ano que passou foi maravilhoso. habituei-me/formatei-me a perseguir esta frequência ao longo dos anos. não é por acaso que os meus olhos tornaram-se numa espécie de scanner para detetar a forma/símbolo do coração - utilizado vezes sem conta comercialmente, até por mim próprio, é verdade, mas tentei fugir da pirosice e usa-lo com simplicidade - como podem confirmar no coração nas mãos de uma amiga na imagem acima -  e não imaginam os mais diversos locais onde reconheço esta forma : folhas, buracos no alcatrão, terra, marcas do tempo nas paredes, nuvens, fósseis, entre pedras numa calçada, ... e por aí vai. não tanto devido a alguma visão de relação romântica -  habitualmente as pessoas associam-na à forma do coração -  mas porque vi como é viver fora da dualidade, da polaridade. a mensagem que durante semanas/meses tentei  passar nos posts #layers-porque é domingo, era precisamente essa, embora de forma subtil. perseguir a frequência do coração. destapa-lo, remover camadas, vivê-lo.  e isso é um trabalho individual, de relação connosco mesmos acima de tudo e só depois com o outro, com o mundo.


é curioso. quem já experimentou meditar sabe que, apesar da simplicidade aparente da proposta, o segredo para que haja progresso na meditação é voltar sempre ao foco inicial - concentração na respiração, no som, ...- isto pq a mente tem imensas estratégias para não ser 'controlada'. quando iniciamos estes processos surgem pensamentos cada vez mais estimulantes/inteligentes ou sentimos  fome, sono, etc - e aqui não coloco as meditaçoes guiadas pois funcionam de forma diferente... - mas, o que dá verdadeiro poder à mente é quando os  pensamentos estão alinhados com as emoções.quando somos nós que a controlamos e não ela que nos controla. quando usamos o nosso eu consciente para ajustar o nosso sistema de crenças - usando programas para o nosso subconsciente, que sabemos que serão úteis - aí sim, as probabilidades desses pensamentos -alinhados emocionalmente - se concretizarem/manifestarem aumentam verdadeiramente .
cada vez mais acho que a mente deve ser usada menos vezes  - e de melhor forma - para dar espaço a outras dimensões que também são nossas. e isto tem tudo a ver com a frequência do coração e de como la se chega. 

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conchas fossilizadas que encontro frequentemente por aqui. identifiquei a  forma de coração, como tantas vezes sucede e como estas imagens comprovam - mas existem muitas mais   

 

 

um livro e um documentário sobre meditação:

"os níveis maciços de actividade gama nos iogues e a sincronia das oscilações gama ao longo de alargadas regiões no cérebro sugerem a vastidão e a qualidade panorâmica da consciência que traduzem. a consciência dos iogues do momento presente - sem ficarem agarrados à antecipação do futuro nem à ruminação do passado (...) também indícios neuronais de uma concentração sem esforço: é apenas necessário uma centelha do sistema de circuitos neuronal para pôr a atenção em determinado objeto e pouco ou nenhum esforço para aí a conservarem. finalmente, quando geram compaixão, os cérebros dos iogues tornam-se mais conectados aos seus corpos, em particular aos seus corações- o que indica ressonância emocional." 

 

encontram neste livro muita informação sobre o impacto da meditação no aumento da neuroplasticidade, como as diferentes partes do cérebro comunicam melhor entre si com estas práticas, a relação a melhoria significativa do sistema imunitário  por exemplo, a capacidade de aprender... embora deva haver no mercado livros com estudos mais actuais  - in traços alterados, a ciência revela a forma como a meditação modifica a mente, o corpo e o cérebro 



 

"vipassana é uma viagem de conhecimento feita com os olhos fechados. o objetivo não é satisfazer a curiosidade dos viajantes. mas ser transformado por ela e começar a viver uma vida melhor. vipassana significa dentro, ver as coisas como elas realmente são em sua verdadeira natureza. é uma técnica antiga de meditação descoberta há 25 séculos na Índia por um homem chamado sidarta gautama conhecido por buda. os registos históricos do tempo de buda contam incríveis histórias entre elas a história de assassinos que se transformaram em santos e de pessoas cruéis que se tornaram pessoas exemplares pela prática desta técnica. com a passagem do tempo, civilizações se ergueram e pereceram mas a vipassana foi preservada."

in tempo de espera, tempo de vipassana 

 

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as vincas

depois de vários anos a fazer yoga - com interrupções-  e a fazer alguns minutos de concentração/introspeção, chego a 2016. começo a redescobrir as plantas silvestres  até que passo uma tarde num pequeno ribeiro cheio de vincas em floração - elas adoram humidade, sombra, frescura. passei horas fascinado com a abundância das flores.por vezes  percebemos quando as plantas estão/são felizes e estas vincas eram-no. a cor do verde das folhas, a quantidade de flores a cintilar luminosidade com esse verde intenso ao fundo... com o som da água a passar no ribeiro. a forma da flor, simples, ficou registada em diversas fotografias mas principalmente na minha mente. ao fim do dia sinto uma enorme vontade de fazer o tal exercício de concentração. sento-me e começo a focar-me na respiração. contava ficar por ali uns 5 a 10m. mas, muito rapidamente, senti um nível de concentração tão forte que não consegui parar. senti uma consciência da respiração, do oxigénio a chegar ao meu cérebro como nunca até então. senti o seu poder de tal maneira que os meus pensamentos e emoções recuaram. fiquei naquele estado durante quase 2horas. depois desse dia passei a meditar 1h/dia, durante vários anos.  eu, a respiração, o foco, e os muitos pensamentos e emoções que iam passando. associei a capacidade de me focar com o contacto com as vincas - quem já experimentou, sabe que passar de um exercício de 5m de concentração para quase 2h, não é um alteração pequena. terá sido da forma da flor onde fixei o olhar tantas vezes naquela tarde, ou terá sido da vibração/frequência da planta? ou ambas? não sei responder. nem tenho como associar racionalmente a vinca com a forma profunda como passei a meditar a partir desse dia, mas sei que há uma correlação. senti-a de forma tão clara. a partir desse ano, passei a intuir que as formas geométricas da natureza/plantas podem comunicar connosco, mesmo que não tenhamos disso consciência, 'podem abrir janelas/portas' que outrora estariam fechadas. não o posso demonstrar, mas tenho esta forte convicção. (mas não é tudo... ainda falta falar do cipreste.)

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o cipreste 
depois desta experiência, passei a meditar diariamente, algumas vezes em casa ao fim do dia, outras no campo. fazia um intervalo durante o dia, e meditava perto de diversas plantas no meu terreno. muitas vezes a 2 metros  
 do primeiro cipreste que por lá plantei - nesta altura há uns 18 anos. numa das vezes, estava a meditar há perto de 10m, quando uma qualquer 'janela/porta' de perceção se abre em mim. comecei a sentir ondas de energia, vindas do cipreste, sempre na mesma cadência - lembrou-me muito o ritmo de um batimento cardíaco, embora diferente. não sei descrever o que senti... se por um lado foi algo que não contava sentir, por outro estava preparado para ter aquela experiência. e, não tenho de me justificar, mas não tem nada a ver com emoções que sentimos no nosso corpo. aquilo era muito claramente uma energia exterior a mim que vinha na minha direção e batia no meu corpo - ao longo do meu tronco. as lágrimas começaram a cair pelo meu rosto. durante vários minutos fiquei a sentir o meu cipreste de uma forma completamente diferente e mais profunda, 'verdadeira', se é que faz sentido usar esta palavra. a partir desse dia fiquei com a convicção  que as plantas vibram numa determinada frequência - bem, já sabia dos florais de bach e outros .  a sua energia está por aí. nós é que podemos ou não - baixar o nosso ritmo e - dar por ela. durante estes vários anos guardei esta e outras experiências para mim - salvo raríssimas exceções - até agora. se o leitor considerar isto absurdo, não tem mal. sei bem o que percecionei nesse e noutros dias depois. 

 

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hoje 

cheguei a um ponto de equilíbrio, com a meditação, em que pratico entre 2 a 3h/dia, habitualmente divididas entre a manhã e a noite. retomei há cerca de 1ano, na altura uns 20m diários complementados com exercícios respiratórios e, à medida que o tempo foi avançando, aumentei a duração das sessões e fiz alguns outros ajustes - o tipo de meditação que aprendi a fazer aproxima-se da vipassana mas inclui outro tipo de meditações, algumas guiadas.  posso dizer  que este processo foi tão importante para aqui chegar. vinha de um sítio com vários medos - fazer um pequeno à parte: a 6 de novembro 2020 fui operado, passei o resto do mês com complicações/dores/antibióticos. nos meses seguintes com muita dificuldade de me conseguir libertar dessas memórias várias- de poder ficar de novo com uma parte deformada. só a meio do ano voltei a sentir-me confortável com o meu corpo, sem necessidade de fugir dele, de o evitar. falo disto não para me vitimizar, pelo contrário. sinto-me a celebrar a vida - corpo incluído. entretanto, esta prática diária trouxe-me uma série de alterações: deixei de consumir produtos televisivos 'wrong doing'/séries true crime -, passei a dormir como nunca dormi antes, nem em bebé dormi tão bem, tinha há mais de 15 anos diagnosticada uma hérnia que desapareceu nestes últimos meses... para além de outras alterações, uma delas é sentir-me conectado com o mundo vegetal de forma ainda mais profunda. fico por vezes com um certo feeling de ' ahh porque me distrai tantas vezes nestes últimos anos? porque parei de meditar imediatamente antes dos confinamentos/pandemia? isto e aquilo poderiam ter corrido de outra forma e tal...' mas todas estas questões são inúteis. o importante é o 'hoje' e eu gosto muito deste 'hoje' e sei que vou gostar mais ainda dos 'amanhãs' que estou a construir.

[como não estar grato por esta sensibilidade que me permite  ver/sentir tanta beleza viva?]

 

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recentemente encontrei estas 'pinturas'/colagem que fiz há mais de 20 anos, quando comecei a integrar novas formas de me perceber- no mundo. é embaraçoso mostrá-las, porque não tenho aptidão nenhuma para isto. mas tem tudo a ver com o momento presente e com o post. em cima à direita os 3 primeiros centros energéticos: uma espécie de túnel que os une.e um coração que está em tratamento, eventualmente para se conectar com a vida vegetal. - muito curioso ter encontrado isto porque, finalmente agora, com a prática que tenho mantido sinto a energia a circular nestes vários centros. e, nunca tanto como agora, o coração conectado com outras formas de vida/energia/informação. mas a vida nunca é sobre chegar a algum sítio. a vida é sempre sobre o 'trilho' o caminho que se está a percorrer num dado momento- presente/agora - e, principalmente, como o fazemos/percorremos. 

estou convencido que apesar de ser pouco comum -  nas sociedades ocidentais- haverá outras pessoas que sentem a energia das plantas/natureza de forma semelhante. estas perceções que alguns têm demoram a ser entendidas pelas maiorias e, antes delas, pela ciência. tanto a cientista Suzanne Simard como o engenheiro florestal Peter Wohlleben, no documentário árvores inteligentes - 2016 -dizem isso mesmo: muitas das descobertas científicas sobre a comunicação/cooperação das árvores já era por eles intuída. para aprofundar o conhecimento científico sobre estes seres verdes, já se percebeu que vale a pena ter em conta as informações vindas de certas tribos/comunidades que vivem intimamente com a natureza.
mas, muito honestamente, mais importante do que o conhecimento em si, que a ciência um dia terá sobre a natureza da natureza, mais importante, repito, é:

vive-la, senti-la, se-la  - é ser ativamente natureza, e não um mero espetador

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ja.ne.la
 
nome feminino
 
1.
ARQUITETURA abertura na parede de um edifício, acima do pavimento, para deixar entrar o ar e a luz
2.
caixilho móvel, envidraçado, que serve para tapar essa abertura
3.
abertura semelhante a essa, coberta com vidraça móvel ou fixa, existente em automóveis, aviões, comboios, etc.
4.
abertura por onde se faz uma ligação, se estabelece uma comunicação ou que serve para ver para o outro lado

(...)

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sim, as janelas são aberturas, estradas, portais, ... disponibilidade...são viagens a mundos que desconhecíamos antes de as abrirmos. 

até breve

e

tune in 

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actualizado a 4/fev

"os humanos fazem parte do mundo natural, é onde tudo começa e acaba." 

 

 

 

[quando regressar vou voltar aos posts curtos onde me sinto mais confortável, não era suposto ser assim ...]

 

 

com propriedade

res·pi·rar

verbo intransitivo

1. Aspirar e expelir consecutivamente o ar por meio dos pulmões.

2. Viver.

3. Descansar, parar.

4. Soprar brandamente (o vento).

verbo transitivo

5. Absorver por meio da respiração.

6. Ter o cheiro de, cheirar a.

7. Exprimir, indicar.

verbo transitivo e intransitivo

8. Anelar, desejar com ardor.

nome masculino

9. A respiração; o arfar.



 

algumas notas, ligações e uma nova leitura

 

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• em modo 'conclusão' desta série de posts:

é fundamental novas pedagogias para que nos relacionemos  de outra forma com a/s árvores/natureza. se por um lado vejo comportamentos que fazem sentir otimista, também há tantos  outros, e maioritários, que me fazem oscilar. quando olho para as abordagens que fizeram no meu tempo de estudante- primária, preparatória- nem sei bem o que dizer... no dia da árvore, nalguns anos, alguém decidia que devíamos plantar alguma árvore, para uns anos depois ser(em) cortada(s). foi este o exemplo dado. precisamos de dar um salto tão grande, tendo em conta os desafios que enfrentamos nas 2 próximas décadas. que saibamos ter humildade e estar à altura - e aceitar finalmente novos paradigmas. 

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• " conhecer bem as plantas, no futuro próximo, será cada vez mais importante. delas dependeu a nossa existência na terra (sem fotossíntese jamais se teria criado oxigénio que tornou possível a vida dos animais no planeta) e depende ainda hoje a nossa sobrevivência (encontram-se na base da cadeia alimentar), sem contar que são também a origem das fontes energéticas ( os combustíveis fósseis) que há milénios sustém a nossa civilização. trata-se, por conseguinte, de preciosas "matérias-primas", fundamentais para alimentação, a medicina, a energia, os materiais. delas, cada vez mais, depende igualmente o nosso futuro desenvolvimento científico e tecnológico."

in verde brilhante, a sensibilidade e a inteligência das plantas, stefano mancuso  e alexandra viola

• graças aos jardins botânicos, universidades e alguns jardins históricos muitas árvores nos meios urbanos foram sendo 'poupadas', atingindo uma idade muito superior às que vivem no meio rural. como referi atrás, aqui no campo o objetivo tem sido a produção agrícola. há algumas exceções. uma delas é a mata do convento do varatojo, que pretendo visitar  - agora adulto - em breve e onde elas foram sendo protegidas. portanto, pessoas citadinas, aproveitem bem o privilégio de terem por perto essas árvores  com maior longevidade! 


•só recentemente fiz esta leitura sobre as árvores e o meu pai: 

o meu pai foi um destes agricultores com uma relação essencialmente utilitária da terra e das plantas - e foi também um dos jovens adultos que participou na guerra colonial. regressou cheio de feridas/dores. embora não falasse delas, toda a família sentia a sua presença e, também ela - nós- viveu com medo de ser atingida com os estilhaços dessa guerra. 

mas quero chegar as árvores: como referi num post lá atrás, também ele viveu as plantas a terra  de forma utilitária. cultivou vinhas, couves, tomate,... algumas - poucas - árvores de fruto. mas sei que encontrou momentos de prazer/contentamento nas muitas horas em que com elas  trabalhou, embora de forma difusa, pouco consciente.
antes dos meus 25 anos comecei a plantar  árvores- ciprestes, pinheiros, liquidambar,  jacarandás, entre outras, num terreno da família. nos meus aniversários fazia questão de regressar à aldeia e plantar uma árvore. lembro-me perfeitamente da estranheza no rosto dele: isso demora uma eternidade a crescer, a fazer sombra! disse-me com um certo desprezo.  os anos foram passando. numa das visitas ao terreno vejo uma série de plátanos e choupos. tinham sido plantados por ele. o homem que cortou a enorme nespereira quando eu tinha menos de 5 anos, andava agora, com mais de 50anos, a plantar árvores sem nenhuma 'utilidade ' (!) nem fruta davam.  vi as coisas desta perspectiva há relativamente pouco tempo: de certo modo, influênciei o meu pai desta forma e, antes de ele partir, chegou a saborear alguma sombra das árvores que plantou, chegou a ouvir o som das folhas dos choupos nos dias com mais vento, e isto, para mim, é das coisas mais bonitas desta experiência de estar vivo. ficar no outro, nem que seja da forma mais subtil possível. pensar que contribui para que ele as sentisse de uma maneira diferente/nova, é das coisas mais importantes para mim -  e só estou consciente disto há poucos meses - o meu pai partiu há 11 anos. 

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• ainda sobre a questão de falarmos ou não com as plantas: é tão maravilhoso/rico experimentar uma consciência/atenção livre de conceitos e de palavras. em vez de insistirmos em trazer as plantas para este nosso mundo conceptual/ilusório, façamos o caminho oposto: vamos nós ao encontro delas, com a mente em silêncio - o mais possível ;) 

 

algumas ligações com árvores de forma direta ou indireta: 

taperá house ( arquitetura) 

reforest project (projeto consciência ambiental) 

silent spring (livro)

sementes(bbc earth - vídeo) 

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actualizado com vídeo

 

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 Himantoglossum robertianum,   a gigante das orquídeas  avistada ainda em dezembro de 2020

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a partir de 11 de fevereiro, e pela primeira vez, avistei diversas Ophrys fusca com algumas diferenças relativas à dimensao/cor das flores. as primeiras encontrei-as em locais de maior altitude e com uma estrutura mais pequena. as últimas -a partir de  1 março- mais altas e com flores maiores encontradas num local com sombra parcial e de menor altitude. 

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Ophrys lutea, pela primeira vez, a partir de 19 fevereiro. fiquei impressionado pela quantidade e pela localização- num terreno relativamente próximo de minha casa. pela altura delas passaram despercebidas durante vários anos, porque ficaram quase cobertas pelo verde das plantas vizinhas. 

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Orchis italica
a partir de 19 fevereiro. tão bom encontrar pequenas diferenças na cor/estrutura das flores ao longo deste período, como podem confirmar nestas imagens - e não corresponde à totalidade- a diversidade deste género. 
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Aceras anthropophorum,  também a partir de 19 de fevereiro, e pela primeira vez. 

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a 27 de fevereiro, para minha surpresa completa, encontrei pela primeira vez uma pequena 'comunidade ', concentrada num único local,  de Ophrys bombyliflora ou a orquídea zangão. 

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a partir de 4 março fui encontrando a Cephalanthera longifolia. afastei-me um pouco mais - 2kms- e avistei dezenas e dezenas desta beleza simples. 

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para encontrar esta espécie  tive de ir à serra do socorro - 18 março. nenhum dos pés da Ophrys tenthredinifera rebentou por aqui, como vinha sendo hábito nos últimos anos. - quando alerto para a fragilidade delas é porque, efetivamente, basta utilizar mais produtos mais 'agressivos' na agricultura que envolve estes locais, e elas desaparecem. como tenho verificado na aldeia, a população não as conhece. ou seja, também não as protege na forma como se relaciona com a 'terra'. é uma das minhas 'lutas'  por aqui... 

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também pela primeira vez, encontrei este ano alguns pés deste híbrido: Orchis x bivonae  e um único pé da orquídea espelho- ophrys speculum subsp. lusitanica - 19 março 

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Anacamptis pyramidalis, a partir de 22 de março. desde tons rosa intenso até ao branco

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a partir de 4 abril: as Serapias parviflora

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asOphrys scolopax, a partir de 10 abril 

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as Ophrys apifera estiveram especialmente bonitas neste 2021. também a partir de 10 abril. 

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a 22 de abril  encontrei pelo segundo ano um único pé desta Anacamptis coriophora  mas desta vez a inflorescencia estava em mau estado, parecendo ter sofrido com algum fungo. 

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no mês de março visitei a serra de montejunto onde avistei várias orquídeas silvestres aqui mencionadas. entre elas a Orchis mascula

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pode rever as orquídeas silvestres 2020aqui

 

[ a grande maioria destas orquídeas desenvolve-se num raio de 500m a 2 km de minha casa - na verdade, pelo segundo ano consecutivo, cresceram no meu quintal a Ophrys apifera - orquídea abelha - e em 2021 a Aceras anthropophorum. sou um privilegiado por ter dois blocos de solo - um bem maior do que o outro - nesta área, onde estas plantas autóctones se desenvolvem - por serem naturais deste local, por terem passado por um processo de adaptação ao meio. no caso das Ophrys ainda é mais especial porque a adaptação é também relativa aos polinizadores. a forma da flor comunica/fala diretamente com eles. e isso não é mágico? um ser vegetal que imita animais/ insectos com quem partilha o local onde vivem, que 'observa' o que está à sua volta e comunica transformando a sua  forma, relacionando-se assim com o meio, com o outro... está na altura de vivermos mais 'este' mundo e, principalmente, deixá-lo viver. parece-me.] 

 

20 Jan, 2022

um campo verde

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o meu coração é um campo verde

um campo verde em forma de círculo,

com uma fonte de água ao centro.

um verde macio, suave, vibrante
que antecipa cores, flores

um verde que cria um ar tão puro que faz sonhar - assim que nele se inspira. 

 

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"indra, the king of the gods, gave birth to the sun and moves the winds and the waters. 

imagine a spider web that extends into all dimensions. the web is made up of dew drops and every drop contains the reflection of all the other water drops, and in each reflected dew drop you will find the reflections of all the other droplets. the entire web, in that refletion and so on to infinity. 

 

indra's web could be described as a holographic universe, where even the smallest stream of light contains the complete pattern of the whole."

 

in inner worlds outer worlds 

 

[ florações de Origanum vulgare e de Clinopodium vulgare cobertas de gotas de orvalho - spider web - em maio passado.]

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14 Jan, 2022

nos dias primeiros

elas voltam

 

 

no início do ano, as orquídeas gigantes, os narcisos e as margaridas voltam,

para nosso

 

 

con·ten·ta·men·to

nome masculino

1. Estado de quem está contente.

2. Satisfação.

 

 

the beauty way - navajo prayer 

In beauty I walk
With beauty before me I walk
With beauty behind me I walk
With beauty above me I walk
With beauty around me I walk
It has become beauty again
It has become beauty again
It has become beauty again
It has become beauty again

(...)

 

 

[ com alguma apreensão:

um inverno com ameixas - sem sabor - no quintal,  a floração de várias   silvestres - Blackstonia perfoliata, Petrorhagia dubia, ... -que mostram as suas cores na primavera/verão habitualmente. noto também muitas Himantoglossum robertianum não tão altas e com as flores menos 'densas' comparando com as florações anteriores. os narcisos amarelos - bulbocodium - rebentam da terra muito timidamente e não com a abundância de outros dias. não tenho como o demonstrar mas associo tudo isto às temperaturas mínimas demasiado elevadas, este ano. também não tenho como demonstrar se esta alteração climática tem relação com o comportamento humano.mas tenho a minha intuição. vale o que vale.  ]

 



13 Jan, 2022

notas 6

1 ano

 

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1 ano de limbos verdes.


1)  a forma que encontrei para aqui me expressar, ao longo deste ano, tornou-se numa especie de exercício orgânico - honesto, penso eu - ai o auto elogio, começa bem... eheh. numa fase inicial pensei na possibilidade de gerir o conteúdo de outra forma/formula. mas cada vez me fez menos sentido. assim, este espaço tornou-se numa extensão minha - do meu olhar/mente e, por vezes, do meu coração e da minha alma - e não tanto um depósito de informações variadas - provável que não seja tão interessante para uma série de pessoas, acredito, mas é o que me faz sentido neste período da minha vida. depois de vários anos a dar formação e a produzir plantas, tornar este espaço numa repetição do passado, não me interessou. 

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2) quando começou a ser pensado, já andava a fotografar com a diana f +, a tal da lente de  plástico, mas só a meio do ano as imagens por ela captadas começaram a ser partilhadas. tem uma série de limitações. não é possível focar, por exemplo. mas sinto-a como um objeto desafiante - ando a namorar uma máquina com mecanismo pinhole em madeira,é linda, não é? - ficou assim registado neste blogue um movimento que eu próprio fui fazendo nestes últimos tempos, com mais consciência :

•  imagens precisas, muito definidas, de pormenor -> para imagens mais desfocadas, com menos detalhe, com mais 'espaço/tempo' entre os objetos

•da partícula - matéria  -> para o vazio - ou para a energia que nele possa passar - talvez, por vezes, 'a energia que cria mundos',  who knows- acho esta expressão deliciosa! 

• do visível-> para o invisível, de certo modo

 

 

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o mesmo ser vegetal fotografado com a mesma técnica- pinhole - com uma diferença de 30m, aproximadamente, entre as duas imagens. a última ficou impressionante por lembrar tanto uma cabeça/ cérebro humana/o e com tons azul/vermelho. tão interessante, do meu ponho de vista, porque simboliza todo um contraste/amplitude/polaridade que é característico do ser humano, que cada um de nós tem em si - pensamentos/emoções; ação/afeto; masculino/feminino. 

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3) de um ponto de vista mais pessoal, foi um ano especial:

• encontrei a flor mais bonita que alguma vez vi - aquele 'metal e veludo' tão bem ligados, uma subtileza tão rica, que nem damos pelo suposto contraste. duvido que encontre algo mais belo neste tempo de vida - sei que é um pensamento inútil, mas... 

• fiz as fotografias com mais interesse, mais especiais, para mim pelo menos. podem não dizer nada ao resto do mundo, mas para mim várias delas dizem-me muito.  o meu eu mais profundo esteve presente quando as fiz , de tal forma que quando as observo o coração de imediato reconhece e desperta. embora sinta que tenho - quase - tudo por fazer

voltei a meditar diariamente, alguns ajustes no tipo de meditação e só posso recomendar que também o façam. estou a preparar um post sobre a minha relação com  estas técnicas. não sei quando, mas deverá ser concluído e partilhado num futuro próximo. fui encontrando, ao longo deste ano, um bem estar, uma 'coerência' do pensar e do sentir  que me tem trazido  boas e inesperadas surpresas - sorry pela redundância. não sei precisar neste momento as substâncias que o meu corpo anda a produzir, mas são maravilhosas! acho que nunca estive  tão desperto, com uma confiança no imprevisível, um sonhar acordado, como agora. quando nos ajustamos  com aquilo que realmente somos, só pode correr bem.

 

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4) sei que continuarão a surgir imagens ao longo deste ano -de diferentes câmeras e de diferentes locais. tenho muita vontade de viajar e fotografar a vegetação de outros sítios. há caminhos - também fotográficos- que se abriram e que continuarei a seguir. fotografar em modo pinhole tem sido tão estimulante: a ideia de registar 'sucessões de agoras', de fixar  parcelas de 'contentamento'/tempo, - menores ou maiores... 

5) também sei que vou aventurar-me na multiplicação de orquídeas silvestres - por sementeira.  'jardins de orquídeas silvestres, já!' :) - quero treinar no meu terreno, que está muito próximo do local onde elas vivem. não sei se será fácil, mas sei que tenho de o tentar/fazer. 

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EC4BC8F0-0582-4317-95DA-3B0D581D3EEB.jpegvoltarei ao tema das janelas/portas no post sobre a meditação/plantas que estou a escrever. 

 


6) deixo aqui uma fotografia do primeiro rolo de todos , quando voltei a pegar na dianaf + -dezembro 2020-não gostei dela  na altura - este rolo já tinha sido usado, só descobri depois- mas, hoje, vejo-a com algum carinho. foi feita quando estava a pensar no nome para o blogue - domínio- e andava a refletir na palavra atmosfera. quis pôr  um céu debaixo da copa de uma árvore. não está bem conseguida, mas partilho-a neste post, porque acabou por fazer parte deste processo. não foi de propósito, mas acabei por colocar uma fotografia que tem a ver com esta no início do post. se repararem, em cima à direita, estão algumas árvores. quase não se nota, mas é uma versão desta fotografia, de certo modo.

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7) deixo tambémaqui um apanhado feito pelo meu telemóvel - há semanas decidiu mostrar-me - com imagens do dia preciso em que o blogue nasceu. curioso porque algumas árvores  fotografadas há um ano surgem agora captadas pela diana f+ com as técnicas que entretanto encontrei para registar  - de forma mais fiel à minha percepção - o que me rodeia, o que por - mim - aqui  passa. 

 


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pos.si.bi.li.da.de
 
pusibiliˈdad(ə)
nome feminino
 
1.
qualidade do que pode realizar-se; eventualidade
2.
aquilo que pode acontecer; alternativa; caso
3.
capacidade de fazer ou realizar algo; faculdade
4.
oportunidade
5.
plural meios de que se pode dispor
6.
plural posses; rendimentos
7.
plural capacidade


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movimentos vários numa sucessão de agoras.

fotografia em modo pinhole com dupla exposição - esperei vários meses para conseguir faze-la. esta posição específica do sol,  atrás deste forte, só ocorre nesta altura do ano. pode não parecer, mas a localização do sol é fundamental para concretizar esta dupla exposição. 


8) do som  :
 
 
 

9) concluir o post deste 1.ºaniversário com uma banda sonora- acima - e com a descrição de uma imagem/vídeo, na impossibilidade, até hoje, de a registar com  dignidade: 
 
uma das belezas que por aqui habita são  grupos de passarinhos - têm metade do tamanho de um pardal . formam pequenas nuvens. o movimento de cada um deles, enquanto avança, sobe e desce  ligeiramente - tem poderes hipnóticos - a poucos metros do solo, na procura de sementes. o som, suave. na maioria das vezes não tenho sequer o impulso de filmar, porque não quero deixar de receber aquela informação, aquelas imagens em movimento - uma ou outra vez tentei mas são tão pequenos que  a lente tem dificuldade na focagem. ao final da tarde as asas refletem o sol dourado, enquanto batem rapida e repetidamente. indivualmente parecerem desajeitados - tendo a identificar-me um pouco - mas quando  olhamos para o todo percebemos afinal uma ordem ou equilíbrio. percebo-os como se fossem uma respiração ou um pulsar subtil  da terra, como se cada pequena nuvem destes pequenos pássaros fosse um coração, que parece que se vai desintegrar mas que permanece um todo, na cadência expansão/contração ... um todo livre.

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tune in 
 
e portanto, que neste novo ano, aquilo que procuramos nos encontre.